Para quem quer que leia... :
Brancas mariposas.
A Lua cheia
E as noites ventosas.
A dor que remedeia
As ideias nebulosas.
O cortar da veia
Com lâminas cuidadosas.
A penumbra na cadeia
Assume formas assombrosas.
O canto da sereia
Entre palavras mentirosas.
A fraca luz da candeia
Iluminando rubras rosas.
A forma de uma teia
Em ténues linhas sinuosas.
Uma matrona feia
Usando roupas andrajosas.
A vontade que incendeia
A escrita de belas prosas.
Uma grande epopeia
Com cenas escandalosas.
A mesa da ceia
Decorada com mimosas.
O sabor de uma geleia
De frutas saborosas.
“Quero uma dúzia e meia
Dessas maçãs deliciosas!”
Um travesti que coxeia,
Mas com seguranças plumosas.
A pele que bronzeia
Sob as ameaças cancerosas.
A balada da baleia:
Que toadas esplendorosas!
A comida que rareia
Na dispensa de gémeas gulosas.
O cheiro da minha aldeia
E de terras argilosas.
O marido que esbofeteia
A esposa de mamas voluptuosas.
Uma breve semicolcheia
Seguida de três notas ruidosas.
A beata que pranteia
Suas lamúrias religiosas.
A pasteleira que recheia
Bolos com natas gordurosas.
Um homem que cambaleia
Nas suas fracas pernas leprosas.
A nojenta e forte diarreia
Que ataca as pessoas tuberculosas.
Existe mais alguma (não faço ideia!)
Destas doenças infecto-contagiosas?
A criança que odeia
Ter que comer as leguminosas.
O assassino que esfaqueia
Vítimas pouco cuidadosas…
A vontade que escasseia
Para terminar estas rimas ranhosas.
“Ó s’achavôr, é mais uma lampreia
E duas gasosas.”
“Ai, eu adoro a Margarida Pinto Correia!
É uma daquelas almas caridosas…”
“Olá! Eu moro em Seia
E chamo-me Catarina Grosas.”
“Hummm, adoro papas de aveia!
São tão doces e apetitosas!
Já disse que já me chateia
Estar a fazer estas frases escabrosas?
De que é constituída a areia?
De pequenas esférulas minerais granulosas.
“Adorava ir à Eritreia…”
E que tal parar com esta porra?!