Na secura de imensos desertos, em mundos já há muito esquecidos, o grande Golias massacrava mais uma vítima.Orgulhoso na carne, mas cobarde no sangue, avançou em direcção ao povo israelita...Um sorriso seguro de mais uma vitória acompanhava-o, e foi com ele afigurado que derrubou os portões da cidadela e se dirigiu ao grupo de pequenos homens que se preparavam para o afrontar.
Será que começo por aquele ou aquele?, perguntava-se a si próprio enquanto caminhava. E, a cada passo que dava, mudava de alvos.As minúsculas pernas dos Israelitas eram galhos ao vento e ouvia-se o tilintar irritante de espadas indefesas em escudos inseguros.
O urro ensurdecedor do gigante Golias foi desferido, mas logo interrompido pela voz forte do jovem David, Quem és tu e o que queres de nós?
Sou Golias, o Gigante, e quero a tua carne, o teu sangue e os de todos os que vierem atrás de ti... saciem a minha fome e sede, Israelitas!
Atrás de David, as pernas dos homens do seu povo enfraqueceram. Alguns mal conseguiram fugir. Outros mal tiveram forças para dissuadir David de atacar o Filisteu.
Mas, apesar do desencorajamento dos parentes, o olhar desafiante de David mantinha-se impetuosamente ligado ao de Golias. Receberás dos Israelitas apenas a Morte se não desandares daqui, ó Golias, o Cobarde!Surpreso e enraivecido por tal audácia e atrevimento, Golias avançou. Só tenho pena que sejas tão pequeno, Israelita... não me encherás a cova de um dente! e, levantando a espada, correu em direcção do rapaz.
David olhou para os céus; desviou o olhar para o solo em redor e procurou três pequenos seixos no chão. Pegou neles e colocou-os na sua funda. O seu frágil braço esquelético começou a girar energicamente no ar.
Eu sou David, o Israelita, e a única carne que vai apodrecer aqui é a tua, Filisteu! e, bradando estas palavras, David atirou com os seixos.
Acertaram em cheio no gigante: um na testa, outro no peito e o terceiro na perna. O impacto de Golias no chão foi tal que até as pernas de David estremeceram.
Hoje, o meu nome é Golias...