quarta-feira, setembro 27, 2006

O que é esta luz?

O dia não existia e o ouro era ignorado.
O mundo era um poço, sombrio, tal água que descansa.
No entanto, no meio da escuridão, a vida e a morte brincavam à apanhada…

...

Uma mulher esgotada, nos flancos negros de uma cidade, deu à luz um rapaz.
Mas que fazer daquele cordão que os unia?
Significaria aquele fio a condenação do seu filho àquele mundo de breu?

Subitamente, ela recusou que ele fosse simples mortal que vive na escuridão,
Como eu, como vós, como ela…
No meio do céu ela suspendeu o seu filho.

O homem sem sombra nasceu.
O homem sem sombra é triste.

Ele tem a beleza majestosa. Ele tem a beleza da força.
O universo a seus pés.

Ouvem-se clamores nos céus:

“Mythra!
______
Amon Ré!
_____________Apollon!
___________________
Arina!
________________________
Kinishao!
_______________________________
Aura!
___________________________________
Mazda!
________________________________________
Hélios!
_____________________________________________
Surya!”


Mas mesmo assim ele não está satisfeito.
Ele dorme fora todos os dias.
Ele arde de um desejo que nunca o aclarará…
A dúvida que nunca saciará e que o mantém vivo:

Desde há milénios que ele ilumina incansavelmente a terra, as florestas, os mares…
Se o homem sem sombra corre é porque procura a sua mãe…

Mas por mais que procure nunca a encontrará.
E no entanto ele nunca desiste. Mais forte que nunca.
Procurando no tudo e no nada. Trazendo luz ao que antes estava apagado.
Verificando em mim, em vós, em toda a gente.
Ele remexe na alma de cada ser...

Por isso é que quando fecho os olhos…:
“O que é esta luz?”



Inspirado na música “Lumière” de Camille